15 de abr. de 2010

Festa do barulho... Ou não!



Gabriella Vareschi de Rosa



Terça Feira (13/04), centro de São Paulo, imediações da famosa Rua Augusta. Normalmente um lugar agitado, com músicas e gente se divertindo. No Sonique Bar, na Rua Bela Cintra, isso não é diferente. Mas o detalhe é que não há música. Ou melhor, há, mas cada um com a sua. As pessoas dançam animadas sem som, o ambiente é silenciosa e um tanto quanto bizarro.


Tendência na Europa já algum tempo, a festa silenciosa chego a SP. Na balada patrocianada por uma empresa de celulares, foram distribuidos 200 fones de ouvido se fio para os interessados em dançar. Neles, o píblico optava entre três canais diferentes- cada um sob o comando de um dos 3 DJs. Cada setlist tinha um tipo de música, rock and roll, música eletrônica, pop, etc. Cada pessoa se diverte com um tipo de som, sem conversar muito.


No começo é até legal, um cutuca o outro, '' Coloca no canal três!!'','' Escuta isso!''. Todo mundo da risada e se sente diferente. Mas só 200 fones na casa foram distribuídos. Na balada há no mínimo umas 300 pessoas, e que ficou se fone se sentiu um idiota e logo foi embora, pois a música ambiente e baixa. Vendo de fora, você se sente em um hospício. Os Barmens agradecem, pois os pedidos são ouvidos claramente pela primeira vez em anos.


Uma festa dessas é sonho para qualquer morador que reclama de qualquer barulho. Rezamos para que essas pessoas continuem reclamando. Uma vez ou outra vale a pena ir na balada para conhecer, agora tornar isso uma cultura permanente é decretar o fim das relações sociais. Imagine só se cada um vai com seu iPod para a festa ? Cada um com seu som, sem conversas, sem interação. É a extinção d velho e bom '' cantar alto''. Praticamente uma balada de autista né, com todo respeito.


Para quem quer chegar em alguém é um martírio. A conversa esfria, é estranho ''chegar'' em alguém sem música, sem ambiente animado, você se sente deslocado e se jeito. A conversa ao pé de ouvido como dizem, não existe, ninguém grita ou extravasa muito. Parece que há um medo de que alguém esteja olhando, reparando..


A quiet celebration, termo em inglês, começou sua história em Londres, na Inglaterra. Um grupo de jovens DJs resolveu fazer uma brincadeira com um público seleto. A brincadeira virou mania e passou a dominar até algumas raves na terra da Rainha. Era cool. Após isso as grandes capitais européias também adotaram a moda, e grandes clubes do continente já reservam datas fixas para esse tipo de festa.


A que se nota claramente é que o individualismo que já é exacerbado atualmente, ganha mais fôlego com esse tipo de manifestação. O quiet celebration passou a ser mais um passo para o egocêntrismo.


No Brasil a festa engatinha torma festa devagar pelo menos em São Paulo, uma cidade multicultural, que aceita tudo e todos. No resto do país a tendência é não crescer, já que o povo brasileiro é mais extrovertido, fala mais e o calor humando é maior.


Improvável que as pessoas fiquem presas ao fone de ouvido, como a maioria dos gélidos europeus. Deus nos ouça. Isso se ele for brasileiro!

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