25 de mai. de 2010

Assombrados pelo medo

Angela Sanchez


Passar por uma situação de ameaça à vida ou a integridade física; isso é o necessário para desencadear o chamado TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático), situações como essas estão cada vez mais presentes no cotidiano do mundo. O TEPT é reconhecido desde o século XIX, mas só recebeu esse nome em 1980, quando a Americam Psychiatric Association o acrescentou à terceira edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-III), ele foi uma tentativa de entender o que acontecia com os veteranos do Vietnã.
Um trauma é um acontecimento inesperado e ameaçador que provoca mudanças psicológicas no indivíduo, tal acontecimento pode ser caracterizado por um assalto, estupro, sequestro, desastres naturais ou acidentes em geral. Após uma situação de trauma a pessoa pode desenvolver sintomas como lembranças intrusivas, medo exagerado, dificuldades com sono, hipervigilância, reação de susto aumentada, querer evitar lugares que lembrem o trauma, embotamento afetivo – isto é dificuldade de se expressar – entre outros. São estes os sintomas que caracterizam o TEPT.
Por vezes, esse transtorno pode ser confundido com o transtorno do pânico, definido como crises recorrentes de forte ansiedade ou medo, ou com a agorafobia, comportamento onde se evita lugares ou situações onde o escape seria difícil ou embaraçoso, geralmente está relacionada ao transtorno do pânico. Mas o professor da Facudade de Psicologia da FMU, e um dos criadores do Foccus – Núcleo de Psicologia Aplicada, que atende a vítimas de violências, Othon Vieira Neto explica que a principal forma de diferenciá-los é a existência de uma situação de perigo desencadeante.
O TEPT traz sofrimento psicológico muito intenso e afeta outras pessoas da família e que convivem com a vítima. O indivíduo se isola e busca não sair de lugares em que se sente seguro. “O alcoolismo e o uso de drogas é usado por muitos como uma sendo uma estratégia para amenizar o sofrimento dos sintomas” alerta a psicóloga e colaboradora do Foccus Louisanne Sennyey Sanchez. “Deixar a pessoa falar sobre o acontecimento e seus sentimentos”, essa é a recomendação de Othon para aqueles que cercam uma pessoa com TEPT.
Para tratar esse transtorno recorre-se a psicoterapia, sendo uma neurose diferente das outras deve ser tratada em separado. Utiliza-se a técnica do esgotamento da lembrança traumática da pessoa uma vez que, segundo Othon, “quando a situação passa a ter um sentido e é integrada em uma cadeia associativa, a lembrança permanece, mas pára de trazer sofrimento”. A farmacoterapia é utilizada quando o nível de ansiedade é tão alto que a pessoa nem sequer consegue procurar ou ir a uma psicoterapia. A pessoa recebe alta do tratamento quando os sintomas diminuem e ela consegue retomar a sua vida normalmente.O tempo não faz com o TEPT passe, é preciso buscar ajuda para que a pessoa amenize o trauma e possa se sentir segura novamente.

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